O maior e mais dramático buraco negro da humanidade é constituído pela fome extrema, pela violência selvática e desnecessária sobre seres frágeis, crianças, mulheres e velhos, miseráveis e indigentes, é a pobreza absoluta de tudo: habitação, alimentação, educação, saúde, segurança, esperança, etc.
Deveria existir em cada um de nós uma miniatura do buraco negro, feito de impotência, de raiva, um revirar de tripas individual e não transmissível. Como um nojo profundo e constante, que forçasse a cairmos na realidade e na dimensão concreta da tragédia em que se encontra o nosso semelhante.
Existem soluções? Afirmam que sim. Nas Nações Unidas, Kofi Annan em Setembro do ano 2000 fazia aprovar a Declaração do Milénio, como o objectivo mais importante das Nações Unidas para o futuro, e tendo por meta 2015, ou seja, um horizonte temporal significativo, para o mundo reduzir a metade a pobreza extrema, as doenças e a fome nos países mais pobres do mundo.
Quando faltam apenas 7 anos, os resultados são muito escassos, terrivelmente mínimos, ainda mais dramáticos ao constatarmos que os ligeiros progressos de uma zona do mundo foram anulados pelo agravamento em outro continente.
Não saímos de sítio nenhum.
As vítimas são mais horríveis, as feridas estão mais presentes, a miséria é mais violenta e mais brutal, a imaginação humana não pode justificar um mundo de super abundância e desperdício convivendo pacificamente como a miséria extrema.
Há muita falta de empenho político, observa-se em cada dia que passa que os problemas ganham novas dimensões, ora são os conflitos entre Estados ou entre etnias, ora as implicações extravasam as soberanias locais e ganham dimensão global.
Arrastam sempre correntes humanas de deslocados, velhos, mulheres, crianças,
desnutridos, errantes e perseguidos.
Violados todos os direitos humanos até se atingirem os limites do insuportável, aí, e só aí chegados, as Organizações Internacionais minimizam o sofrimento e apaziguam as nossas boas consciências ocidentais.
Jeffrey Sachs foi nomeado Director do Projecto de Desenvolvimento do Milénio
por Kofi Annan para enfrentar os desafios do nosso mundo profundamente dividido.
Com a nomeação de uma equipa de 250 especialistas em desenvolvimento e uma estratégia clara para erradicar a pobreza extrema do planeta, cinco anos depois declarava ser possível e pela primeira vez na história ir mais além e erradicar definitivamente a pobreza extrema no mundo nos próximos 20 anos.
No seu livro, O Fim da Pobreza: Economic Possibilities For Our Time, explora as raízes da prosperidade económica e oferece sugestões para encontrar o caminho, a fim de retirar da pobreza extrema os cidadãos mais pobres do mundo.
Enfatiza uma certeza, morrem milhões de pessoas todos os anos, porque são demasiado pobres para se manterem vivas e questiona como é possível conhecer esta realidade e não se agir.
Assim propõe a leitura de um resumo com setenta páginas, onde se pode retirar as propostas fundamentais dos duzentos e cinquenta especialistas de todo o mundo que elaboraram os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio da ONU e o Millenium Project, uma obra com 2700 páginas em catorze volumes, que oferece ao mundo uma visão concreta do que é possível e desejável realizar.
Um alerta, se não se ajudar a salvar as pessoas que querem sobre tudo permanecer vivas, o mundo vai ser mais inseguro, instável e infeliz. É emocionante, para si, constatar que em qualquer aldeia por mais pobre que seja, o povo sabe a realidade da vida e tem um enorme sentido do que deve ser feito, falta uma ajuda, e essa é a nossa parte da questão, contribuir é justo e indispensável.
O quadro é negro, existem cerca de mil milhões de pessoas no mundo que não têm as necessidades básicas satisfeitas, vivem em subnutrição crónica e sem acesso a qualquer tipo de cuidados de saúde.
Era esta a realidade da humanidade há duzentos anos, todos estavam em situação de extrema pobreza, a vida era curta, as epidemias eram cíclicas e a fome constante, assim na Europa como em qualquer parte do mundo. Para nós tudo mudou.
A solução para a pobreza extrema não é o mercado, este está instruído para a ignorar, portanto, só fora do mercado é possível encontrar a solução para agir.
São três as realidades do empobrecimento: insuficiente produção alimentar, insuficiente controlo das doenças e o isolamento económico.
Cuidar da sobrevivência com os factores de produção restabelecidos, após esta fase, financiamento das pequenas actividade com o desejável micro crédito, cuidados de saúde e planeamento demográfico. Manter a paz é impossível em populações famintas, é este o programa para o alvo mais crítico, o continente africano.
Mudar mentalidades dentro da própria ONU, convencer de que não é despejando biliões nos problemas que estes se resolvem, impôr um plano prático de soluções é possível, implementar e sustentar o desenvolvimento é prioritário.
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