sexta-feira, 11 de setembro de 2009

quando o terceiro candidato tira apoio eleitoral a um dos dois candidatos principais.

Espero que seja um contributo oportuno.

A adesão do voto está relacionada com a dependência e o altruísmo do eleitor, são os dois focos psicológicos que nos propõe Júlio J.Rotemberg, no seu recente trabalho de Setembro de 2007 cujo título original é “Attitude-Dependent Altruism, Turnout and Voting”.
Os dois focos podem ser resumidos nas seguintes formulações: as pessoas são mais altruístas com quem concorda com as suas ideias, a segunda é de que o bem-estar e a auto estima da pessoa aumenta quando entende que outras aderem ou partilham as suas opiniões pessoais.
O seu modelo de análise pretende demonstrar que ninguém vota por ser fácil ou por obrigação moral, e que a participação eleitoral aumenta na proporção directa da cultura e informação dos indivíduos.
Outras características de voto são propostas para análise: como por exemplo a votação no “terceiro” candidato ou o voto “estratégico”, quando o terceiro candidato tira apoio eleitoral a um dos dois candidatos principais.
É uma realidade que o terceiro candidato pode fazer pender a eleição de um candidato favorito retirando votos indispensáveis, também refere que, pelo facto do voto não ser decisivo pode levar o eleitor a votar no terceiro candidato, enviando assim sinais aos outros eleitores e candidatos.
O seu modelo confirma que a participação aumenta quando há incerteza no resultado, e que os eleitores bem informados estão mais predispostos a votar e muito pouco preocupados com os protagonistas principais e centrais.
O contrário é também verdadeiro, as pessoas menos informadas são mais propensas para a abstenção ou para o voto em branco.
Nem a utilidade do voto ou o sentimento do dever comprido determina o padrão destes votantes. O erro de “casting” existe quando se vota para castigar alguém, em vez de votar com quem se concorda especialmente nas questões de fundo.
Quando o voto beneficia um pequeno número de indivíduos, o eleitor prefere votar num candidato com fracos apoios. Ao proceder assim, pretende ajudar o candidato mesmo considerando uma baixa empatia com ele.
Este modelo explica desta forma os votos nos candidatos que não têm probabilidade de vitória, e demonstra que as pessoas estão mais dispostas a votar num candidato quando acreditam que há mais pessoas a favorecerem o mesmo.
A lógica implica que neste modelo a votação de um indivíduo não depende apenas de ele gostar do seu candidato, mas também se gostam dele outros apoiantes.

armando.ramalho@sapo.pt

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