sexta-feira, 27 de agosto de 2010

terça-feira, 6 de julho de 2010

pode ser útil

A importância das Informações

1) A assimetria das informações, é a situação na qual uma parte (normalmente um "especialista") detém informações relevantes que a outra parte não tem, e usa estas informações em sua vantagem. Em alguns casos a assimetria de informações é resultado da simples sonegação de informações relevantes por parte do "especialista".
2) A assimetria das informações pode ser usada (e frequentemente o é) para gerar pressão na parte menos informada, normalmente através do uso de várias formas de "medo".
3) Na base de boa parte das fraudes existe uma situação de assimetria de informações onde o golpista detém informações relevantes que a vítima não tem (e infelizmente não busca, por ingenuidade, ganância, necessidade etc...), e se aproveita desta posição de superioridade para aplicar o golpe.
É um fato indiscutível que quem está melhor informado mantém uma vantagem estratégica considerável sobre seus adversários. O General Sun Tsu, na China de 2500 anos atrás, já sabia disso e por isso recomendava o uso extensivo de espiões para colectar sistematicamente maiores e melhores informações sobre o inimigo, antes de enfrenta-lo. Todos os grandes estrategistas depois dele também aplicaram este conceito de base. Julius César, Saladino, Maquiavel, Napoleão ... todos eles desenvolveram seus sistemas para conseguir estar sempre um passo a frente dos adversários no que dizia respeito as informações possuídas.
No caso dos golpistas não é diferente, os bons golpistas sempre procuram saber tudo o possível sobre suas vítimas, de preferência sem que estas percebam. Também costumam ser bem informados nos assuntos que irão enfrentar conversando com as vítimas, de maneira a manter permanentemente uma superioridade estratégica que lhe facilite alcançar seus objectivos.
Qual é uma das melhores armas que as potenciais vítimas tem para se defender desta estratégia? Obviamente fazer o mesmo, ou seja se informar e verificar tudo o que for proposto e conversado em encontros com pessoas desconhecidas. Aprofundar os assuntos, verificar as referências e não acreditar em qualquer pessoa, afirmação ou proposta somente porque parece "verdadeira". Tente sempre eliminar a "assimetria das informações" a favor dos golpistas, e enfrentar qualquer situação numa condição de "paridade de informações". In http://www.fraudes.org

sábado, 12 de junho de 2010

REFORMAR....mentalidades

aqui


Não são as percentagens de votos do BE e do PCP, juntamente com a má-consciência de esquerda do PS, que vão reformar o capitalismo internacional em nome dos amanhãs que cantam e que quase nos conduziram ao abismo. Portugal em contraciclo, não é o país mais à esquerda da Europa. É apenas o mais hipócrita e um dos mais injustos, pela falta de igualdade de oportunidades e de meritocracia...

Não é uma campanha eleitoral para a presidência que vai impressionar os eleitores que mais são contribuintes líquidos... Esses povos vão, pelo menos, exigir um quadro formal de austeridade igual aos que eles assumiram. Ninguém come ideologia...

A maior parte dos factores de poder da política à portuguesa já não são domésticos. E não apenas por causa das lojas dos trezentos com que muitos confundem a globalização. Com uma moeda supra-estatal, apenas temos de reconhecer que faltam poderes a esse novo centro para o cumprimento da respectiva função de moeda única...

sábado, 5 de junho de 2010

"É a vida Camarada"

CENSURADO PELO “DO”




Mais vale tarde que nunca. O bom do nosso primeiro Presidente de Câmara aparece em dia de primavera, quando já só acreditávamos que tal se passaria numa manhã de nevoeiro. D. Sebastião de triste memória há só um, e por ora não faz falta. Viva o comboio dos duros.

Normalmente correcta, reverente e formalista, a prosa começa simbolicamente com Sócrates em letra grande, mal feito fora qualquer outra forma menos respeitosa, e dá-lhe um ligeiro ar intimista quando termina com, “José” só para os amigos, como é óbvio.

O tema está mais do que gasto, a realidade ultrapassa o TGV quanto mais o comboio a lenha em que as notícias nos chegam. Tudo velho e lugares comuns. O futuro do país e o nosso, por arrastamento, está refém de um Presidente inenarrável, um primeiro-ministro como nunca existiu, uma classe política a que já nem os cães ladram.

É bem triste mas é o que o pântano dá.

TGVs e travessias do Tejo… é melhor que se pense em outra coisa. Quanto ao seu PS/ José Sócrates o destino é já ali. O povo, o eterno povo, vai fazer-lhe um despacho de mercadoria avariada devolvida à procedência, isto é, à Beira profunda em tarifa reduzida para que leve 100 anos a chegar ao seu último destino, lugar de onde nunca devia ter saído, para bem da Pátria e de todos nós.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Adormeci duas vezes a meio

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Li a entrevista que António José Seguro deu ao semanário "Expresso", na qual se declara pronto para ser o próximo secretário-geral do PS. Adormeci duas vezes a meio. Deve ter sido por estar num avião, em cima do Atlântico, a caminho de São Paulo. Ou não. As fotos são banais, o texto é entediante. O panegírico pretende-se como apresentação do homem que concretizará o pós-Sócrates que tantos desejam. Mas o género laudatório decepciona. Seguro não tem nada para contar. A vida é um deserto. As ideias têm rugas.

Filho da fábrica partidária, nasceu na JS, foi premiado com um lugar inócuo num governo, fez-se deputado. Não se lhe conhece um único contributo original, uma ideia nova, uma boa prestação numa empresa ou instituição. Em boa verdade, nunca trabalhou ou realizou algo profissionalmente relevante. Sempre viveu do partido e para o partido. Um género dos tempos. Deplorável.

Os anos foram-se consumindo em posições oportunas e oportunismos, em pequenos golpes e falsos conflitos, nessa trama gelatinosa de que se faz tanta da vida partidária. Um ou outro projeto lei, uma eleição aqui, uma conferência acolá. Nada de realmente importante. Tudo sempre muito ampliado pelos apaniguados e pelos que imaginam que à sua boleia irão conseguir qualquer coisa, um cargo, uma benesse, um pequeno nome. Por isso, quando na entrevista se pede que Seguro fale da sua vida, das aventuras, de algum momento marcante, não há nada para contar. Só uma total ausência de vida e de mundo.

Apesar disso, ou melhor dito, por isso mesmo, chegado aqui e já a rondar os 50, Seguro acha que está pronto para ser chefe. Não está. A entrevista é muito chata, mas pelo menos esclarecedora nesse ponto. Seguro não tem uma visão original sobre nenhum assunto. Limita-se a repetir lugares comuns. Para mais é um desânimo total, não entusiasma ninguém.

Sobre Portugal diz o que toda a gente diz, temos de crescer, reduzir o défice, gastar menos e melhor. Mas não revela como. Sobre o mundo nada diz. As poucas ideias que conseguem chegar, muito a custo, a letra de imprensa são velhas. Acena constantemente com a defesa dos pobres, tema piedoso e populista. Mas não tem nenhuma palavra motivadora para quem quer andar para a frente. Para os que sempre dão o seu melhor, nos bons momentos e nas crises.

Imaginando-se de esquerda, insiste nessa ideia de divisão social assente exclusivamente no rendimento. Ora hoje, para além deste, é a acessibilidade tecnológica que mais conta para uma alteração positiva das condições de vida.

E não falta, claro está, o apelo ao regresso dos grandes valores, dos grandes princípios, das grandes batalhas gloriosas. O que é natural, pois o vazio preenche-se invariavelmente com eloquência vã.

Quanto ao resto, nem uma palavra sobre a revolução tecnológica em curso, ou sobre o enorme salto que Portugal deu na última década neste domínio. Ao que parece já usa a Internet, mas só para se promover, nada mais. Nem uma palavra sobre as novas condições existenciais de todos nós, no contexto da Europa e da globalização. Nem uma palavra ainda sobre a necessidade de novas ideias e novas posturas políticas face à complexidade da atualidade, em tempo de poderosos meios de comunicação, da sociedade em rede e de imperiosa necessidade de criatividade e inovação. Nada de nada.

Enfim, Seguro é uma nulidade e não mereceria mais do que dó. Mas é também um perigo. Desde logo para o próprio PS que não é assunto meu. Sendo certo que uma vez terminado o ciclo de Sócrates a algazarra tomará conta do partido, à semelhança do que sucedeu no PSD, qualquer um tem a sua oportunidade. Até o porteiro do largo do Rato. Acontece, e isso já me interessa, que a escolha de Seguro não seria só um mau momento para o PS, mas um enorme atraso para o País.

Portugal já tem que chegue de conservadores e reacionários. De momento a única força política que tem visão de futuro, vontade e energia para fazer Portugal avançar, mesmo com todas as contrariedades, encontra-se no governo do PS. Se isso também terminar a depressão será total.
Por isso este meu artigo sobre um ser menor, não deriva de uma irritação extemporânea provocada pelo jet lag. Mas da convicção de que é fundamental que pelo menos um dos grandes partidos políticos se mantenha como motor de modernidade e avanço civilizacional. Como diz um amigo meu brasileiro: não temos tempo para a depressão.
Leonel Moura
Sexta, 21 Maio 2010


monopólio da inteligência pátria



Entre academias do bacalhau e dos pastéis de nata, nunca tantas foram as mesas de comensais e os estreitos círculos de comadres e compadres que, a si mesmos, se consideram como detentores do monopólio da inteligência pátria, a tal que eles reduzem à comenda e à honraria de lata...

Nunca tão poucos acumularam tantos altares, para nos comerem a papa, violando as massas com a vaidade e a inveja que os guindaram a papadores. Mas um país intelectualmente unânime numa reverência feudal já não será país, continuará gado engordado a caminho do talho da história...

Entre os presidentes de junta em funções, que dão nome a estádio, conselhos superiores que fazem estátutas, toponímia, comendas e quadros a óleo, a decadência pensa que se perpetua neste barroco dos papa-reformas e tachos, acumulando em vida, aquilo que que a lei da história nem em notas de pé-de-página registará. Aqui, Roma paga aos traidores!

Às vezes, o escorpião acaba por morrer com o seu próprio veneno...

posted by JAM

http://tempoquepassa.blogspot.com/

sábado, 15 de maio de 2010

“Peço Justiça”.

“Peço Justiça”. É com esta figura que se retrata como indigno e inútil o papel dos jovens advogados em oficiosas. É uma farsa de defesa, é certo, praticada por uns, aceite e consentida, e à vista de todos.

Como é possível uma sociedade que se pretende do primeiro mundo ter-se degradado a um nível tão miserável, que não respeita os mais desprotegidos da sociedade por debilidade económica e social. O conhecimento generalizado desta situação é agravado pela indiferença do responsável em primeira linha incumbido de contrariar que tais situações se perpetuem: o Estado. Mas este age da pior forma possível, permitir que se cometa uma injustiça é mais grave do que não fazer justiça, como ensina Cícero.

Citando-o, também afirmava - o homem, porque é dotado de razão pela qual compreende a relação de causa e consequência e pode estabelecer analogias, ligando e associando o presente e o futuro, compreende facilmente o curso de toda a vida, fazendo os preparativos necessários para a sua conduta. A grandeza de alma resulta de um espírito, pela natureza bem formado, não desejando submeter-se a ninguém, excepto àquele que estabelece as normas de conduta, ou é o mestre da verdade, ou que para o bem comum governa segundo a lei e a justiça.

É a partir destes dois elementos que se forja e se molda a honestidade.

Não há grandes mestres vivos, é certo, estão contudo perto de nós e disponíveis a ajudar, encontram-se em qualquer biblioteca, é com eles que podemos compreender o que fazer perante uma ideia pouco clara ou incompreensível, segundo a teoria do método de Descartes, devemos duvidar sempre em tais circunstâncias. Depois é só seguir o Mestre, verificar as evidências, analisar as unidades mais simples, agrupar as unidades estudadas num conjunto coerente e elaborar as conjecturas.

Assim como sábias são as suas palavras quando afirma que os homens são capazes dos maiores vícios e das mais nobres virtudes, e que aqueles que andam mais devagar podem chegar mais longe se seguirem sempre um direito caminho do que aqueles que correm e se desviam desse propósito.

Acredito vivamente na necessidade de mudança, prevenir e aprender com os melhores, preparar o embate do futuro, não devemos permitir que nos coloquem numa situação sem saída.

Seguramente em tal situação só nos restaria a humilhação de “pedir clemência”.

sábado, 10 de abril de 2010

Caro camarada (desconhecido)

Creio que os teus serviços, de guarda-mor do socretismo, ou o que lhe queiras chamar, estão dispensados por manifestamente serem desnecessários, mas nunca por incompetência tua como é óbvio.

Temos uma DIREITA muito mais capaz do que muitos pensam. Observa com calma, não te zangues.

A classificação política de Estado liberal ou social só deve servir aos "parvinhos" cá do burgo, o que é isto (sistema de governo) na realidade?

Como num sistema político comunista clássico, o povo está domesticado, (no Estado Novo já se tinha chegado aos mesmos resultados, só com mais violência física sobre as pessoas).

Esta nossa Direita tem um "Estado por natureza perfeito", faltava substituir (para arejar)
os rapazes que se querem também "abotoar um pouco" pois bem. Les voilá.

Resultado, o sistema comunista controla as massas sindicalizáveis via (UGT e CGTP), e não pode estar mais de acordo com a super centralização (solução comunista) da vida económica via "Caixa & outros Lda.". É só esperar que isto caia de maduro, o serviço está feito.

Entretanto vão fazendo como aquele grego que chegou a ser tão rico que meteu na cama a mulher do histórico Kennedy, quando lhe nacionalizaram os bens não tinha nada a não ser dívidas no seu país, cópia fiel desta direita nacional. Ver noticia dos jornais, a dez marmanjos o BCP empresta 20.000 milhões. A Caixa idem.

Isto vai longo meu caro, tens muita razão, com ovos destes a ninhada não será grande coisa. Veremos. Será o idiota útil que vai pagar por todos? É pena para o inocente.





domingo, 14 de março de 2010

Ora bolas para o comboio dos duros.

Uma possível “fera” do comboio dos duros, Manuel Varges de seu nome, está em parte incerta?

Ou deve ser dado como ausente sem representante legal?

Ou podemos concluir que o ausente vai regressar e dar notícia.

Ou declara a ausência como definitiva, com o devido esclarecimento pelo respeito que é devido em quem criou legítimas expectativas, na sua esclarecida e muito “vivida” opinião.

Nem tudo são más notícias, um “Duro” de roer (ex-vereador do PSD e actualmente creio que presta serviço no Palácio) deu à “luz” uma excelente prosa em defesa de sua “dama”.

Bravo, justifica a “alcofa” onde se aninha e justifica a prebenda da “situação”.

Ou começa aqui a desancar os ex-lideres alheios por lhe faltar “peitaça” para se atacar aos seus ex-lideres.

São grandes, que se amanhem. O “duro” Vitor não é homem para se ficar, e eu sei o que muitos sabem mas não dizem.

Não há nada como sacudir o ninho das vespas, o povo só pode ganhar.

Ficava tudo muito mais claro.

O enigma que está encerrado no título da peça é estranho, o que quererá dizer “Um Duro num (COM)bóio”? "Peixoto amigo", explica ou pede esclarecimentos, nós merecemos.

Quem não se sente ….

sexta-feira, 5 de março de 2010

“o comboio dos duros” III

aqui


Pela ordem anunciada, “o comboio dos duros” devia trazer o ex-presidente Manuel Varges, mas quem nos chega é o ex-vice-presidente do mandato anterior Vítor Peixoto.

O duro de serviço até não está nada mal, sem ofensa para ninguém e só em honra do tema tratado, adiro a imagem taurina do presidente da PT quando afirmou que se sentiu “corneado” na trapalhada da TVI.

Vitor Peixoto espeta várias “bandarilhas”, com estilo e garbo, como é dito no meio taurino, as primeiras ficaram bem cravadas no lombo do primeiro da noite. Rematou com galhardia numa estupenda pega de caras citando a meia praça.

Na segunda lide as coisas saíram mais negras e complicadas, seguramente por ter pela frente não um negro já “corrido” mais uma nuvem escura e sem contorno definido, estranha e manhosa.

Com muitas questões e interrogações se defronta o nosso duro para cravar os “ferros”, o “objecto” é estranho e arrima-se às tábuas, é uma lide desigual, Peixoto quer a peleja às claras, mas não há nada a fazer, a “mancha” esta a coberto e “aconchegada” ao director da “corrida”.

Esta “corrida” ainda não ficou resolvida, garanto que a próxima promete, era bom que a “praça” estivesse composta e um dia de sol. Certo, certo. É de que não vão faltar “negros” com fartura, o “paiol” das bandarilhas pela amostra deve estar a deitar por fora, veremos se os “ferros” serão só curtos ou se também há compridos.


O ZORRO

Odivelas, 26 de Fevereiro de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

Os Aparatchiques de José Sócrates

O Partido Socialista é hoje constituído por, pelos menos, quatro diferentes grupos de militantes. Em primeiro lugar a grande massa de inscritos, que são essencialmente os fãs do PS, como serão de qualquer clube de futebol ou associação de cultura e recreio, isto é, não são verdadeiramente activos, até porque já não há militância no partido, tudo é feito por profissionais e raramente são chamados a fazer seja o que for, ou a dar a sua opinião. Seguidamente, há aqueles que tendo cultura e passado político credíveis, estão no partido pelas posições, empregos e influência que o partido lhes dá, apoiando o chefe por necessidade e não por convicção. Segue-se o pequeno grupo que manda no partido, a “click” dirigente, constituída por militantes com bastante habilidade política, profundo conhecimento do partido e uma grande ambição pelo poder e pelas mordomias que o poder confere, podendo ou não ter enriquecido durante a permanência nos lugares por onde passaram, ou depois, aproveitando as relações criadas; usualmente, estão ligados a empresas ou a grupos económicos, públicos ou privados. Finalmente, há os “aparatchiques”, grupo constituído por ex-funcionários, alguns autarcas e muitos jovens saídos da JS, sem grandes escrúpulos e sem preparação política ou humana digna de relevo e que existem para servir o chefe, sem grande critério ou princípios, mas com uma devoção cega, certos que estão de receber a devida compensação. Existe ainda uma outra categoria de socialistas, os críticos da direcção do partido, usualmente com passado e cultura política, mas desiludidos ao ponto de já não serem verdadeiramente militantes. De alguma forma muitos já estão fora do Partido, ainda que alguns tentem em certos momentos fazer ouvir a sua voz, quase sempre na defesa de princípios, ou com base em preocupações devidas à precária situação económica e social do País.
As trapalhadas que têm envolvido José Sócrates desde o início da sua ascensão política – Cova da Beira, curso de engenharia, aquisição de casa, Freeport, Face Oculta, comunicação social e caso Figo – foram tornadas possíveis devido ao sentimento de impunidade do chefe, facilitado pela fidelidade de alguns destes grupos e da passividade de outros. Parece impossível que isso aconteça e logo num partido com a tradição democrática do PS, mas de facto os socialistas puseram a detenção do poder e as mordomias que o poder lhes dá, acima de todas as outras considerações, éticas, nacionais e cívicas. Na grande generalidade optaram por olhar para o lado, por negar a realidade visível, as coincidências sistemáticas e a dimensão dos problemas criados ao País, arranjando as desculpas mais esfarrapadas para justificar o que se tem passado, ou simplesmente para não ver. Mesmo quando confrontados com os resultados desastrosos da política económico do Governo, encontram na crise internacional o álibi necessário para justificar o desastre, sobrevalorizando cegamente o que foi bem feito, sem qualquer esforço de organização, sistematização ou rigor.
Ultimamente, muitos destes socialistas optaram, sem grande pudor ou sentido de responsabilidade politica, por inventar uma central de perseguição a José Sócrates, que não nomeiam, mas que serve bem o objectivo de não terem de enfrentar, ou de explicar aos portugueses, os diálogos gravados nas escutas, ou os documentos publicados. Aparentemente, nunca lhes passou pela cabeça que, apesar do esforço de desinformação levado a cabo, a realidade completa possa vir ao de cima, enterrando o partido no descrédito e na vergonha. Quando a única forma de defender o PS, o seu passado e o seu futuro, seria a desautorização e condenação daqueles que envolveram o partido em práticas ilegais, ou ética e politicamente inaceitáveis. Em vez disso, os militantes com maior visibilidade pública, entraram pela via da negação irracional e do “manobrismo” político mais repugnante, como ainda agora se viu na reunião da Comissão Nacional. Sem cuidar de explicar aos militantes o que realmente se passou, encurralaram-se na negação das responsabilidades políticas e usaram a pretensa defesa das instituições judiciais, que antes condenavam, sem cuidar de saber se isso pode acelerar o percurso da justiça portuguesa para o descrédito e para a irrelevância.
22-02-2010
Henrique Neto

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

I. José Sócrates arruinou aquilo que restava da III República

I. José Sócrates arruinou aquilo que restava da III República. Hoje, vivemos num regime onde a mentira passou a ser a normalidade. José Sócrates vai cair. Amanhã ou para o ano, mas vai cair. Portanto, a tarefa principal começa a ser a refundação de um regime político que está completamente de rastos. O período pós-Sócrates tem de ser o período da refundação, da Regeneração.

II. E a tarefa da refundação deve começar por aqui: temos de acabar com a promiscuidade entre política e negócios. É preciso acabar com as golden share (na PT, na Galp, etc.). É preciso acabar com este capitalismo chico-esperto, que junta o pior do socialismo com o pior do capitalismo chinês. As golden share não protegem os interesses nacionais. Protegem, isso sim, os interesses dos comissários políticos (do PS e do PSD). Depois, temos de privatizar as empresas que ainda estão no Estado. Para terminar, faço uma pergunta: para que servem as tais "empresas municipais"?

III. A questão é muito simples: se queremos diminuir a intensidade da corrupção, então, temos de privatizar essas empresas públicas ou semi-públicas, as esquinas onde os corruptos gostam de cochichar. E, como se vê, estas privatizações não devem obedecer a critérios económicos, mas sim a critérios de ética política: sem estas empresas no rol do Estado, os senhores dos partidos ficam sem os lugares onde é possível meter a política e os negócios na mesma cama.

IV. E há mais para fazer .

O regime morreu. A III República portuguesa está morta. Ainda ninguém levantou o corpo, porque as certidões de óbito - em política - demoram a chegar. E, neste caso, estamos a falar de três certidões, ou seja, vivemos num regime que morreu três vezes.

A primeira morte é económica. O modelo socialista/social-democrata/democrata-cristão, centrado na caridade do Estado e na subalternização do indivíduo, está falido, e brinda-nos com recessões de quatro em quatro anos. Basta ler "O Dever da Verdade" (Dom Quixote), de Medina Carreira e Ricardo Costa, para percebermos que o nosso Estado é, na verdade, a nossa forca. Através das prestações sociais e das despesas com pessoal, o Estado consome aquilo que a sociedade produz. Estas despesas, alimentadas pela teatralidade dos 'direitos adquiridos', estão a afundar Portugal. Eu sei que esta verdade é um sapo ideológico que a maioria dos portugueses recusa engolir. Mas, mais cedo ou mais tarde, o país vai perceber que os 'direitos adquiridos' constituem um terço dos pregos do caixão da III República.

A segunda morte é institucional. Como já aqui escrevi várias vezes, Portugal não tem um regime político com freios e contrapesos. O partido da maioria, seja ele qual for, controla todas as instituições do regime; vivemos numa espécie de 'ditadura conjuntural' do partido da maioria. Por outro lado, Portugal é um Estado de direito falhado: a nossa Justiça é um embaraço confrangedor. A geração que está no poder construiu a democracia. Cabe à minha geração edificar o Estado de direito.

A terceira morte é partidária. O nosso sistema partidário tem a vitalidade de um
DE UM ZOMBIE pois não responde às necessidades da sociedade. Porquê? Ora, porque os partidos portugueses representam os interesses do Estado e não os interesses da sociedade. Portugal precisa de reformas que emagreçam o Estado, mas os partidos são os primeiros a recusar essas reformas. É natural: o emagrecimento do Estado significaria o fim de milhares e milhares de empregos para os BOYS.
.
A necessária dieta estatal passaria, por exemplo, pela reforma do mapa autárquico. A actual arquitectura do poder local assenta em pilares arcaicos. Em 2009, é simplesmente ridículo vermos o país dividido em 4251 freguesias e 308 municípios. Como é que um país tão pequeno está esquartejado desta forma? Esta situação chega a ser caricata, mas os partidos nunca executarão mudanças no mapa autárquico. É fácil perceber porquê: com menos câmaras e freguesias, as matilhas de caciques seriam obrigadas a sair do quentinho partidário e a procurar trabalho no frio da vida real. Enfim, a III República está bloqueada. Os actores que deveriam ser as alavancas legítimas das reformas - os partidos - são os primeiros a dizer 'não' às ditas reformas.

Para esconder as três mortes do regime, os partidos inventaram um mecanismo de defesa: o folclore fracturante. A actual conversa sobre o casamento GAY é só mais uma forma de adiar a chegada do médico legista da III República, o regime que morreu três vezes.

IN EXPRESSO HENRIQUE RAPOSO

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Carta Aberta a José Sócrates

Caro Camarada
Secretário-geral do Partido Socialista
Lisboa, Fevereiro de 2010



Os Líderes em política são forjados nas contingências. Os tempos que se avizinham não permitem estados de alma, porque ou se constrói uma alternativa onde democraticamente a vontade colectiva impere, ou se abdica, confundindo-a com aquela aparente vontade de todos, onde apenas se confrontam os apetites dos interesses egoístas, mesmo abrindo um possível caminho para a aventura de eventuais cesarismos autoritários reforçados e legitimados em eleições, pelo qual seremos também julgados.

Se há um buraco de fechadura este deve ser bem largo na medida justa dos anos que levo a clamar para que haja decoro à verdadeira medida dos homens do Estado-Razão e não de mera razão de Estado de triste memória.
Vejamos o que tentei dizer-te há mais de dois anos, o mal já estava feito e pouco importa agora saber até que ponto és vitima, o PAÍS dos homens concretos já não te suporta nem ao sectarismo que ronda e de que deixaste rodear-te, a culpa é unicamente tua? Sim, só eu e milhões de portugueses não sabiam nem sabemos até onde queremos levar este povo. Veladamente se afirma o que eu já antevera, na altura era um aviso que pretendia dramático, hoje creio seriamente que é uma questão de tempo. Vais acabar mal, é mais do que certo, não sabemos até onde podes arrastar contigo a própria pátria. Basta, não queiras ficar como o único e último aprendiz de feiticeiro que a liberdade de Abril gerou.
Estávamos então na última semana do mês de Novembro de 2008, a maioria socialista aprovou o orçamento do Estado para 2009.
Foi o terceiro orçamento aprovado somente pela maioria socialista, repetindo-se o cenário dos últimos três anos, com a oposição unida no voto de rejeição.
Possivelmente, em tempos normais de pluralismo democrático, não existiria dramatismo algum por tal circunstância, mas, dado que o país e o mundo se deparam com um gravíssimo problema, de contornos ainda não previsíveis, (Novembro de 2008) além dos ditos normais da governação, seria avisado e de bom senso criar, no mínimo, um clima de apaziguamento na sociedade e nas opções políticas no Governo da Nação.
É este o estilo do actual PS (Novembro de 2008) e continua na forma do costume, sobre a batuta do actual Secretário-Geral: despachar as oposições, políticas e sociais, como quem termina o expediente do dia.
Qualquer militante com alguns anos de partido recordará, no mínimo, que os dois últimos Secretários-Gerais, por razões diversas, abandonaram o partido e o país.
É uma triste sina, de facto, só falta saber o que te levará daqui para fora, a LEI ou a tua consciência. É meu dever ser claro, não por dívida para contigo ou a alguém mais do que à minha consciência.
Faço votos de que não sejas varrido da mesma forma que os socialistas italianos, fugidos à justiça. É sempre reconfortante rever os esclarecidos ensinamentos de Norberto Bobbio (1909-2004) socialista italiano, que recomendava não considerar os adversários como inimigos, mas como perspectivas diversas de serviço comunitário, onde há sempre lugares comuns para o diálogo
Bettino Craxi de seu nome, tinha outra agenda a cumprir, como mais tarde todo o mundo soube, paz à sua alma. E à do Partido Socialista italiano e à do seu irmão-inimigo da democracia-cristã, também.
A solução em democracia, se ela é verdadeira, existe. Consiste em eleições, um meio para os indivíduos se livrarem de políticos e políticas ineficientes. Aquilo que Karl Popper considerava como a possibilidade de um golpe de Estado sem derramamento de sangue e sem violência.
É, em princípio, uma razão para não se desesperar, e é razoável esperar que numa democracia adulta os fracassos do Governo possam ser expostos e eliminados.
Os órgãos de comunicação, com honrosas excepções, como é clássico, têm a sua própria “agenda”, em regra “cheiram” o sangue ou de onde lhes vem a conveniente sobrevivência. As ditaduras eram igualmente eficazes em tais domínios, aí já estamos em paridade política.
A conquista do poder e a sua manutenção já só provocam apatia e desinteresse nas pessoas, dado que as diferenças na acção governativa, por todos os partidos, são incompreensíveis para a grande maioria dos cidadãos, não esperando benefícios pessoais pela eventual preferência por qualquer candidato, como se verá.
Cuidado com o voto de erro de “casting”. Este existe para castigar.
Assim, os altos níveis da abstenção nos recentes actos eleitorais revelam que a democracia está fragilizada e que o Estado se encontra longe das aspirações dos cidadãos. É um atentado à democracia se preferirmos uma democracia sem povo.
Uma verdadeira democracia significa mais do que um simples direito de eleger e ser representado por um político eleito, deve existir o direito de não sermos penalizados por acções arbitrárias, caprichosas, ou birrentas de políticos e políticas burocráticas, que no fundo replicam o chefe.
A verdadeira democracia inclui a verdadeira liberdade de criticar os políticos burocratas e as políticas de privilégios, sem intimidação ou outros constrangimentos.
Como podes ver até se repete o texto e o contexto, só há algo que não sabes nem podes iludir o povo, não fabricas dinheiro e esse facto tão banal vai virar todos contra ti, o povo é cruel, sem música não há festa, e a tua festa acabou.
Tecnicamente é possível uma saída de cena digna e constitucional, artigo 195 alínea b) A aceitação pelo Presidente da República do pedido de demissão apresentado pelo Primeiro-Ministro. Constituição da República Portuguesa. Para o bem do país e daqueles que dignamente e convictamente ainda acreditam na tua boa fé.


Armando Ramalho

Um Comunista Português Muito Suave.





DIÁRIO DE ODIVELAS

aqui.




Eis que chega o comboio dos duros, que traz desta vez o mais veterano dos políticos do concelho, ex-duplo-candidato derrotado a presidente de câmara de Odivelas pela CDU, ou melhor, pelo “veículo como é uso dizer nos nossos dias” do PCP.

O carreto político do Ilídio Ferreira nesta prosa é o de malhar nos que ingenuamente acreditaram que um melhor futuro estava (e está) na separação do concelho de Loures. Quase todos, afirma e bem, ele não estava. Seguramente até foi quem mais protagonismo e relevo pessoal adquiriu com a nova forma administrativa.

Falta referir que o PCP só entrou (no projecto político) com o comboio em alta velocidade, rabujou (Loures era, à época, feudo do “partido”, é bom ter memória) que se fartou mas os dados estavam, para o bem ou para o mal, lançados.

Seguem as já estafadas “ambições” bandeiras de luta com que tenta ganhar votos, até são justas e necessárias, mas que raio de povo existe neste país que quer tudo o que o “partido” promete mas não vota no PCP nem que o mordam?

As certezas do nosso amigo Ilídio metem dó “os trabalhadores, os desempregados, os dois milhões de pobres que temos no nosso país, se levantarão”. A ser verdade o PCP já teria tido uma maioria mais do que absoluta, mas não tem, só não vê quem não quer.

Como profecia política (longe vá o agoiro ou agourar) “a continuar assim, Odivelas nunca será “uma terra de oportunidades”. Isto não é obra de um duro, (do comboio, entenda-se) isto é mais do que o estilo de um português suave, só critica politicamente o PS, mas este está bem longe e com outros “gatos” a tratar. Mais à mão está o executivo da câmara e à sua frente a senhora presidente.

Nem por uma vez refere quem fez as obras que “enchem o olho”. Será por algum sentimento ou estratégia política, muito secreta, que não menciona o nome mais cimeiro nestes últimos 8 (oito) anos? Quer como contratadora de ex-donos-de-jornal, (segundo se diz também já meteu no saco os câmaras da TV cá do bairro) quer como líder supremo, fez mão baixa à vida democrática do seu partido localmente.

Vamos lá, nem é muito difícil ver que o Ilídio é um cavalheiro à moda antiga, mas tudo tem limites, a presidente da câmara de Odivelas é uma política com tarimba e com fibra mais do que bastante para a citar, ou foi desprezo politico? Não acredito, estamos perante um verdadeiro Comunista Português Suave.



Bem-haja pelo exemplo da dedicação à comunidade.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

DIARIO DE ODIVELAS

aqui

Não faz muito sentido escrever no Diário de Odivelas temas que qualquer um, com farta vantagem, pode tomar conhecimento, melhores opiniões e a qualquer hora quer nos jornais ou rádios nacionais ou mesmo nas televisões mundializadas.

O Orçamento de Estado está indo como “Deus quer”, e como diria a outra “isso não interessa nada”, a queda da bolsa muito menos e por eliminação de partes chegamos ao que é verdadeiramente importante para o futuro da vida política concelhia, o esperado COMBOIO DOS DUROS.

Calhou em sorte, assim espero, ser o primeiro “duro” o brilhante “F.F.”, como é conhecido por amigos mais chegados e íntimos. A prosa que nos oferece é da melhor água choca que se pode imaginar, esperava melhor, muito melhor, mas mesmo assim dá umas pérolas à rapaziada.

É uma peça que seguramente estava mais destinada para os lados de S. Bento, “é a vida”. Seguramente a próxima tentativa é a boa, o seu novo candidato já está escolhido de avanço, contra a Manuelinha não dava, mas dá agora, venha quem vier, o Pedrinho Passos Coelho é a aposta do regressado líder do P.S.D. Odivelense.

Esta prosa (cena) lembrou-me um episódio a que assisti e ficou gravado para sempre, como se pode saber de avanço quem é o ganhador? Pelo posicionamento dos que acertam sempre. Mário Soares, em grupo de amigos, via as possíveis hipóteses na liça a SG do seu partido. É quando se faz luz e dispara – com quem está o Lacão? – Dessa vez bateu certo.

Com as rédeas curtas no seu PSD local, com as barbas do vizinho deve ter aprendido. A sua liderança afirma-se como um porto seguro, quem se lembra do nome do último candidato maravilha à Câmara de Odivelas pelo PSD? Ninguém. Há quem não vá em comboios, e o FF está aí para o confirmar e explicar como se dá a volta por cima.

Bem-vindo.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

CDSs

Suponha o leitor que acaba de descobrir que terá uma vida curta. Tem vários seguros de vida mas precisa do dinheiro agora. Pode então nomear algumas pessoas como beneficiários, com a condição de lhe pagarem. Como a indemnização estará próxima, elas pagarão bem o benefício que lhes oferece. Mas a venda dos seguros de vida fará com que os compradores fiquem atentos à sua saúde: se um médico certificar que está mais doente, os seguros valerão mais, e mais gente se dispõe a comprá-los. A revenda começa então a ser um negócio. Quanto mais doente estiver, maiores os lucros de quem aposta na sua morte rápida. Imagina agora o que lhe pode acontecer?
Se este cenário é ficção, ele existe com os seguros sobre a vida económica de empresas e nações, os CDS (Credit Default Swaps). Compram-se e vendem-se num mercado desregulado e deixaram de cumprir os objectivos para que foram criados. Várias vozes, incluindo as de Obama, Alan Greenspan, Warren Buffet e Myron Scholes, que participou na organização dos swaps, avisaram para o perigo que representam e clamam por regulação. George Soros tem demonstrado que o seu valor, agravado pela especulação, já não reflecte a saúde das empresas e nações, sendo antes factor de destruição que pode gerar novas crises.
Da influência dos CDSs na crise actual, já ninguém se lembra. Estes produtos tóxicos estão de novo a enriquecer os ex-falidos Bancos de Investimento e a destruir a saúde das nações. Contam com a ajuda das agências de rating que, para já, nos diagnosticaram uma "morte lenta".

J.L.Pio Abreu

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Recomeça….

Recomeça….

Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…

Miguel Torga

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Quando quiseres vamos a esse vinho que te espera há muito.

Caro Valupi, neste último semestre não fui de grande valia.
Como muito bem parodias o "Eng." não te paga para tanto, mas onde pára o nosso companheiro "Z" ?

O melhor que me saiu acerca de ti meu caro. (em resposta ao Ibn )

"O que me move é ele (Valupi) não ser exclusivo, que é o que mais se vê por aí. Também estou convencido que o Valupi testa bem a “competência” alheia, as próprias desbarata-as aqui, (no Aspirina) não vem mal ao mundo. Bem pelo contrário. Julgo eu. Será um amor/ódio à esquerda “fandanga” que o coloca ao lado do J. Sócrates"?

O que se seguiu na mesma missiva era de alguma forma uma constatação/desabafo.

"O problema deste “mundo” é o de ninguém querer potenciar os seus dons, sociedade de auto-castrados, desnatados, conformistas e dependentes sem determinação própria. São altruístas no voto, votam com gosto se sabem que os amigos votam no mesmo.
Deixei de ter próximos, aprendi com o Júlio, o César, aquele que ficou um passador por ter gente muito próxima".

Meu Caro, um bom Ano Novo para ti e todos os teus.

A guerra continua, nem te passa pela "cabecinha" o que vai pela FDL.
Com a minha idade já me é permitido adivinhar, só pelo cheiro, o "petisco" que está ao lume em qualquer albergue. Pelo que vejo erras o alvo com os "imbecis e ranhosos".

Quando quiseres vamos a esse vinho que te espera há muito.

O último recurso


Por Pedro Lomba

No sábado passado Vasco Pulido Valente escreveu na sua coluna que o nosso semipresidencialismo não funciona. Isto porque o conflito Sócrates-Presidente, que tanto agita a imprensa, está para durar. E Pulido Valente sugeria que, enquanto não gerar um vencedor e derrotado - ou seja, a sua própria implosão -, a guerrilha irá persistir. Com a agravante de que Sócrates tem as presidenciais à porta para enfrentar Cavaco; e o Presidente tem a governação diária e a exígua credibilidade do primeiro-ministro para aparecer como oposição e a única autoridade confiável do sistema.
Ora, eu não consigo dizer com certeza se este "sistema híbrido" como é, de facto, o semipresidencialismo, funciona ou não. Mas sei que uma coisa é perguntarmos se o semipresidencialismo tem funcionado para o que se esperava; outra é se, face ao que temos aprendido nestes 33 anos, poderá continuar a funcionar no futuro. Não há nenhuma razão para não respondermos sim à primeira pergunta e não à segunda. Tudo depende.
Depende da lógica particular que está na origem do nosso semipresidencialismo; e depende, claro, de percebermos se aquela lógica se mantém. Vasco Pulido Valente lembrava uma causa histórica decisiva. O semipresidencialismo nasceu entre nós em parte para domesticar os militares. Em 1976 o governo dependia politicamente do Presidente da República e do Conselho da Revolução, que era um órgão de soberania autónomo e com um poder de veto. O facto de o primeiro Presidente ser um militar eleito, Eanes, assegurava que as Forças Armadas, institucionalizadas no Conselho da Revolução, responderiam perante um órgão político, contribuindo para as enfileirar dentro do regime.
Como é sabido, este cenário mudou com as revisões constitucionais. Os partidos aplicaram-se em reaver o seu papel e o Presidente acabou mais diminuído. Mas convém dizer que o semipresidencialismo não acabou aí, pela simples razão de que não nasceu só por isso.
Desde o início que a legitimidade do Presidente da República advém da sua eleição por sufrágio directo e universal. Quando os constituintes de 1976 instituíram a eleição directa, tinham na memória a eleição fracassada do general Humberto Delgado em 1959. Recordavam-se que Delgado ameaçara Salazar com a frase "Obviamente demito-o" e sabiam como é que a ditadura reagiu à afronta: suprimindo a eleição directa do Presidente.
O Presidente que esses constituintes ajudaram a delinear e que ainda hoje permanece visava por isso um objectivo específico: dividir e arbitrar o exercício do poder e, pormenor essencial, limitar o poder de um governo que possui competências políticas e legislativas incomparáveis na Europa.
Em 1960, o Governo de Salazar tinha poder. Em 2009, em inúmeros sentidos o Governo de Sócrates detém ainda mais poder. Não prende, mas tem muitas formas de silenciar. Não mata, mas se quiser persegue. O que tem para distribuir arbitrariamente pelos seus "amigos políticos" são recursos que o paroquial Salazar desconhecia. Essa é a contradição mais impressionante deste regime. Como é que nos libertámos dum Estado obscuro e governamentalizado e fomos gerando outro, em certos aspectos, mais obscuro e governamentalizado?
Enquanto o governo for tão poderoso como é, enquanto o primeiro-ministro exercer um controlo único e dado a toda a espécie de abusos sobre o Estado e a sociedade, enquanto os partidos gerarem políticos sem credenciais, prescindir do estatuto do Presidente da República e assim do semipresidencialismo pode implicar um suicídio. Dificilmente podemos prescindir da última instância de recurso que o regime nos concede. Quem pretender a sua reforma tem de repensar o regime e a concentração de poder no governo, a causa mais próxima do "sistema híbrido" que temos. Jurista

Público - O último recurso

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